Veremos todos os passos necessários para garantir um som o mais fiel possível às vozes dos cantores e vocalistas.
Vozes. Definir quem vai cantar e como é a primeira tarefa de uma produção. Todo o arranjo e a sonoridade obtida com os recursos que estamos estudando dependem disto. Os timbres dos instrumentos utilizados têm que “vestir” bem o timbre da voz do cantor. A tonalidade escolhida deve ser a mais confortável e interessante, para que todas as notas emitidas o sejam sem esforço. E por aí vai. Jamais entre nessa de gravar a música num tom só porque é o “tom original”, aquele em que ela foi composta ou foi gravada pela primeira vez. O tom de uma música é o tom daquele solista, e neste artigo o solista é o cantor.
Escolha o tom da seguinte forma: anote a nota mais grave e a mais aguda que o cantor emite sem muito esforço. Anote também a nota mais grave e a mais aguda da melodia da canção. Transponha o tom da melodia até que ela se “encaixe” na região confortável da voz. Transponha igualmente o tom da harmonia, de preferência cifrando novamente os acordes da partitura. Adapte o arranjo ao novo tom. Por mais diferente que possa ficar o arranjo em relação à sua idéia original, sempre é melhor que ouvir um cantor forçando sua voz nos agudos ou perdendo corpo nos graves. Estes procedimentos, aliás, também valem para qualquer solista de música instrumental.
Outras vozes, como o backing vocal, devem ser bem escolhidas, para combinar com o timbre do cantor principal. Vamos gravar uma a uma para termos recursos de nivelamento durante a mixagem. Ou grava-las juntas, mixando os sons de acordo com as distâncias dos microfones para os vocalistas. Podemos dobrar vozes, gravando em novas pistas o canto principal ou os vocais, para dar mais corpo. Nesse caso, a emissão deve ser precisa e de acordo com o ritmo da melodia principal, conforme a execução do cantor. Este, aliás, pode fazer o papel de vários vocalistas, mas o timbre fica mais unitário, o que pode ser bom em certos casos e mau em outros.
Espaço. O ideal é o cantor ficar isolado num ambiente só para ele e o microfone. Além de evitar a captação desnecessária de ruídos, isto permite que o produtor monitore a gravação com mais conforto através das caixas de som. Se for possível, prefira o cômodo de melhor acústica da casa, que é aquele onde a voz soa mais natural. Neste cômodo, que acaba de virar uma cabine de voz, escolha o ponto onde ela soa melhor. Tente abafar um pouco as reflexões das paredes cobrindo-as com algum material absorvente acústico. Tecidos, cortinas, carpetes e espumas são as soluções mais comuns. Lã de vidro e Sonex, as mais clássicas.
Se você tem apenas um cômodo disponível em sua casa, desligue a televisão, ponha a família e o papagaio pra dormir e corte o som das caixas. Todos os envolvidos com o trabalho terão que usar fones de ouvido, que devem ter boa vedação.
Microfones e captação. Nos lugares mais barulhentos, usamos microfones dinâmicos, sensíveis o suficiente para bem captar o que está a poucos centímetros de distância. Os mais comuns são os Shure SM58 e SM57. Em um quarto silencioso, podemos captar vozes com microfones a condensador, mais sensíveis, como os modelos AKG C414 e Neumann U-87. Estes precisam ser alimentados pelo phantom power da mesa de som, uma corrente elétrica de 48 volts que alimenta o microfone através do próprio cabo de áudio ao pressionarmos o botão correspondente na mesa.
O cantor grava sempre em pé, com o microfone no pedestal, nunca na mão. Este deve ter uma suspensão elástica, como a brasileira Sabra Shock Mount, que evita transmitir trepidações do chão para o microfone pelo pedestal. O microfone a condensador fica a algumas dezenas de centímetros da boca do cantor, com um filtro anti-pop. O dinâmico fica a poucos centímetros, mas não totalmente de frente para o cantor. Incline-o para um lado, sempre apontando para a boca. Assim, evitamos que as consoantes bilabiais “p” e “b” explodam na frente da membrana e inutilizem a gravação.
Conexões. Plugue o microfone a um canal da mesa, de preferência com conectores XLR (Canon). Da mesa, mande uma saída direta do canal ou de um subgrupo para uma entrada da placa de som. Para monitorar, ligue uma saída da placa a outro canal da mesa. No Cakewalk, indique a entrada
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