Phantom
A quantidade de Técnicos de som que, por desconhecimento, tem verdadeiro
medo de utilizar microfones condensadores, que necessitam do recurso de
Phantom Power (alimentação fantasma). Já se ouviram de tudo, tem risco
de queimar os outros microfones? Vai dar choque no usuário? Tem problema
misturar microfone que precisa com microfone que não precisa de
Phantom? Vai afetar os instrumentos?
Para entendermos o Phantom Power, é necessário antes entendermos o
princípio de funcionamento dos microfones. Basicamente, podemos dividir
os microfones em dois tipos quanto à construção da cápsula: os
dinâmicos, e os condensadores (Capacitivos). Existem outros tipos, mas
para facilitar nosso estudo vamos mencionar apenas esses.
Os microfones dinâmicos são fabricados com o mesmo princípio de
construção de um alto falante. Existe ímã, bobina e diafragma (que faz o
papel do cone do falante), tal como nos falantes. Quando o som é
emitido e atinge o diafragma, este movimenta a bobina que está envolta
por um ímã, gerando uma voltagem, que “imita” as condições de pressão
sonora captadas pelo diafragma. Essa voltagem passa pelos cabos até a
mesa de som, e o restante da história todos podem imaginar.
Já os microfones condensadores/eletretos ("capacitivos") tem construção
diferente. Existem duas placas bem finas fixadas bem próximas. Uma
delas faz o papel de diafragma, captando o som. As placas são
polarizadas (tem voltagem positiva e negativa) e, com a variação da
distância entre as placas causada pelas ondas sonoras, a voltagem das
placas varia de modo semelhante.
Aqui, já vemos a necessidade de existir energia, para a polarização das
placas, energia esta que terá que ser fornecida de alguma forma.
A energia necessária para o microfone funcionar pode ser fornecida
através de pilhas, baterias de 9V ou pelo Phantom Power. Por isso as
mesas de som profissionais tem esse recurso, acionado em geral por uma
ou mais chaves. O Phantom em geral é fornecido em até 48V (em algumas
mesas, até 52V), mas não existe nenhum problema em fornecer esses 48V
para um microfone que só precise de uma pilha de 1,5V, por exemplo. Isso
porque os microfones só "usam" a energia que precisam, e pronto. Se
precisa de 9V para funcionar, só utiliza isso e "descarta" o restante,
sem prejuízo algum.
Para o Phantom Power funcionar, é obrigatória a existência de um sistema
balanceado, ou seja, um cabo com dois condutores internos mais uma
malha (positivo, negativo e terra), e também um conector balanceado (3
pinos, XLR ou P10TRS). A tensão é enviada pelos condutores (ambos são
"positivos" para o Phantom) e retorna pela malha (sempre "negativa"). Em
mesas de som que contam com conectores XLR para as entradas de MIC e
P10 para LINE (ou seja, praticamente todas as profissionais), o Phantom
só é habilitado nos conectores XLR do canal, ainda quase use conectores
P10 TRS no LINE.
Alguns microfones podem ser alimentados ou por Phantom ou por
pilhas/baterias, em geral com a fonte de energia sendo selecionada por
chave. Há microfones que só funcionam com Phantom e outros somente com
pilhas. Tudo depende do tamanho e formato do microfone (alguns são tão
pequenos que não há onde colocar pilhas) e da implementação do
fabricante. Todo microfone que usa pilhas e tem conector XLR é um forte
candidato a aceitar Phantom Power, mas em alguns o fabricante não
implementou isso. Para saber se aceita Phantom, basta retirar a
pilha/bateria então ligue na mesa de som e acione o Phantom Power. Se o
mic funcionar, ótimo. Caso contrário, somente com pilhas mesmo.
Conclusão:
1) instrumentos musicais e outros equipamentos ligados nos conectores
LINE (P10) não são afetados pelo Phantom Power (nem correm risco de
serem danificados). Lembre-se que, em havendo conectores XLR e P10 no
equipamento, só os XLR receberão Phantom Power.
2) microfones dinâmicos não são afetados pelo Phantom Power. O microfone
"usa" o quanto de voltagem que precisa, e os dinâmicos não precisam de
voltagem, logo não usam nada. Não queimam nem o som é afetado de alguma
forma. Tal fato deu origem ao nome do recurso: alimentação fantasma (não
afeta nada, é invisível, parece que não existe).
3)até mesmo microfones sem fio com entradas balanceadas (com conectores
XLR e alguns raros com entradas P10 TRS) não são afetados pelo Phantom,
pois são fabricados para isso. Não há risco de queimá-los
Alguns fabricantes fazem uma chave única para o recurso Phantom Power.
Ao acionar a chave, o recurso está disponível em todos os conectores XLR
da mesa de som. Nesses, é necessário ter muita atenção para primeiro
fazer todas as ligações, e só por último acionar a chave do Phantom.
Montagem de Cabos XLR para uso com Phantom Power
Eis abaixo o padrão (norma IEC 268) que deve ser seguida para a montagem
de cabos com conectores XLR-XLR, com a utilização de fios balanceados
(2 condutores internos + malha). As cores indicadas "vermelho" e
"branco" são apenas indicativos, variam de fabricante para fabricante. O
que importa é que cada fio condutor seja ligado nos pino correspondente
nos dois conectores. Fio azul (ou roxo, ou preto, ...) no pino 2 e pino
2, por exemplo, com malha SEMPRE no pino 3.
Observação: Não precisa ter medo de Phantom Power, mas precisa
ter cuidado, é importante saber usar corretamente o recurso. Se
conhecermos os princípios de funcionamento e utilizarmos cabos dentro do
padrão, não há risco algum, e os benefícios do uso do recurso serão
muitos!